(Foto: Portal Tonogiro)
A Câmara aprovou na quarta-feira 01 de julho,
a mudança das eleições municipais de 2020,
em razão da pandemia do novo coronavírus.
As novas datas são: 1º turno em 15 de novembro
e 2º turno em 29 de novembro — o calendário original
previa o primeiro turno das eleições em 4 de outubro
e o segundo turno, em 25 de outubro. O texto foi aprovado em definitivo.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou
que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP),
convocou para hoje às 10h uma sessão do Congresso
para promulgar a PEC Proposta de Emenda à Constituição).
Com isso, ela já passa a valer.
A PEC já tinha sido aprovada pelo Senado no último dia 23.
Por ser mudança na Constituição, o projeto não vai para
sanção de Jair Bolsonaro (sem partido), e sim para promulgação
do Congresso.
"Aprovada na Câmara a PEC que adia as eleições
municipais para novembro. Hoje (2), às 10h, o Congresso
promulgará a emenda constitucional. Mais uma vez,
o entendimento prevaleceu no Parlamento, dialogando
com o TSE, a comunidade científica, prefeitos e vereadores",
disse Alcolumbre.
Depois, foi a vez de Maia comentar a aprovação no Twitter.
O presidente da Câmara disse que "a eleição não poderia
comprometer as ações que buscam salvar vidas e proteger as famílias".
"As novas datas atendem às sugestões de médicos e especialistas,
pois teremos um cenário melhor em relação à expansão do vírus,
e as pessoas poderão conhecer de forma mais democrática
e transparente os seus candidatos", afirmou Maia,
que parabenizou Alcolumbre "pela condução rápida desta matéria no Senado".
Após a promulgação da emenda constitucional,
o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vai atualizar a resolução
do calendário eleitoral. A maior parte dos prazos será adiada
em 42 dias, seguindo o mesmo período do adiamento da
data do primeiro turno.
As datas mais importantes do processo eleitoral
já foram modificadas pelo Congresso. A expectativa
do TSE é que a nova resolução com os prazos
eleitorais seja analisada pelo plenário do tribunal em agosto,
após o recesso.
Mudanças na PEC
Durante a elaboração do texto, o senador Weverton
Rocha (PDT-MA), incluiu, a pedido do TSE, uma "válvula
de escape". Em casos de municípios nos quais não tenha
condições sanitárias e necessitem adiar as eleições para
além de novembro, há possibilidade do pleito ser feito até 27 de dezembro.
Esse trecho foi alterado. Inicialmente caberia a alteração
após decisão do TSE, com a mudança, o Congresso
poderá editar um decreto legislativo e permitir a alteração
de nova data, a regra ficou igual para alterações nos municípios
ou nos estados.
O texto foi aprovado por 407 votos favoráveis, 70 contrários
e 1 abstenções — A votação terminou às 19h40 da quarta-feira.
Outra mudança aprovada foi a autorização para partidos
políticos realizarem convenções e reuniões virtualmente para
escolher candidatos e formalizar coligações. O objetivo é evitar
a aglomeração. O relator do projeto na Câmara,
Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) manteve o texto
votado pelos senadores.
O entendimento da maioria das bancadas do Congresso
e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é de que o adiamento
é benéfico para saúde pública e não fere a cidadania e o direito ao voto.
O governo Bolsonaro foi favorável a legalidade do texto
e liberou o voto sobre o mérito, assim como o PROS
e o Patriota. Os partidos de centro, direita e esquerda
foram favoráveis à mudança, à exceção do PL e PSC,
que orientaram voto contrário.
Integrantes do chamado centrão, antes resistentes ao
adiamento das eleições, passaram a apoiar a medida.
A mudança de posição se deu após a cúpula do
Congresso indicar que pode incluir contrapartidas para
a medida ser aprovada na Câmara, como até
R$ 5 bilhões para prefeituras enfrentarem a pandemia
da covid-19 e a retomada dos programas de partidos no rádio e na TV.
Esses temas são discutidos nos bastidores e não
foram votados na sessão.
Como fica o calendário eleitoral, segundo a
PEC aprovada no Senado e na Câmara:
A partir de 11 de agosto: vedação às emissoras
para transmitir programa apresentado ou
comentado por pré-candidato
Entre 31 de agosto e 16 de setembro:
realização das convenções para escolha
dos candidatos pelos partidos e a deliberação
sobre coligações
Até 26 de setembro: prazo para partidos
e coligações solicitarem à Justiça Eleitoral
o registro de seus candidatos;
Após 26 de setembro: início da propaganda
eleitoral, inclusive na internet.
27 de outubro: partidos políticos,
as coligações e os candidatos, obrigatoriamente,
deverão divulgar o relatório discriminando as
transferências do Fundo Partidário e do Fundo
Especial de Financiamento de Campanha,
os recursos em dinheiro e os estimáveis em
dinheiro recebidos, bem como os gastos realizados
Até 15 de dezembro: encaminhamento à Justiça
Eleitoral do conjunto das prestações de contas
de campanha dos candidatos e dos partidos
políticos, relativamente ao primeiro e, onde
houver, ao segundo turno das eleições.
27 de dezembro: último prazo para realização
de eleições para municípios mais afetados pela
pandemia. Nos bastidores, parlamentares contra
o adiamento consideraram que a mudança no
calendário pode aumentar o desgaste dos atuais
prefeitos e favorecer uma renovação política.
Isso porque entendem que haverá mais impacto
com a pandemia e menos recursos públicos
no caixa em novembro e dezembro.
"Precisamos preservar a vida, como temos feito.
Não estamos mudando nada e nem mexendo em
cláusula pétrea da Constituição. É por orientação
científica e sanitária [a mudança das datas]",
disse o líder da minoria, José Guimarães (PT-CE).
Já a deputada Bia Kicis (PSL-DF), foi contra o projeto.
"Votarei contra a PEC, não se faz justificável. Ela tem
muito mais contras do que prós. Levará a dispêndio
de dinheiro e tratamento desigual entre os candidatos.
De qualquer forma entre outubro e novembro é pouco
provável que haja mudança na questão de contaminação",
disse Bia Kicis (PSL-DF).