Ele afirma que 5 mil pessoas trabalham direta e indiretamente no processo
de fabricação e comercialização das peças na cidade.
Os dados levantados pela associação comercial incluem autônomos
e facções terceirizadas. “As facções são pequenas oficinas dentro do
âmbito familiar com cinco ou seis pessoas que produzem a lingerie
dentro ou até na garagem de casa, na cidade ou na zona rural”, explicou.
José garante que quem mora em Juruaia pode trabalhar com as confecções,
cafeicultura ou serviços. “Quem mora em Juruaia não trabalha se não quiser.
Aqui o emprego é abundante”, disse.
Além dos moradores, Juruaia também oferece emprego nos arredores
do município, numa área de 35 km de raio. Segundo a Aciju, 100% da
mão de obra aproveitada nas confecções vêm de Guaxupé (MG),
Muzambinho (MG), Nova Resende (MG), São Pedro da União (MG),
Bom Jesus da Penha (MG), Guaranésia (MG) e Monte Belo (MG).
Um exemplo é o de Daiane Cruvinel Bonfim que trabalha há quase
um ano como consultora de vendas de uma loja de lingerie,
moda praia e fitness e mora em Guaxupé. Todos os dias ela vai e volta
de ônibus e percorre 20 km. “Acordo às 5hs da manhã de segunda a sexta-feira.
Tomo o ônibus e chego em Juruaia às 6 e meia após uma hora de viagem.
E retorno a Guaxupé por volta de 18hs”, disse.
Acostumada com a correria da região metropolitana de São Paulo (SP),
ela foi morar em Guaxupé há sete anos e garante que essa rotina é tranquila.
“Eu pegava três ônibus em São Paulo e aqui eu pego só um na porta de
]casa e acho bem tranquilo”, comparou.
A consultora de vendas contou também que os ganhos em Juruaia
são melhores. “Emprego em Guaxupé quase não tem.
Já Juruaia têm mais opções e a remuneração também é muito boa.
O salário-base é o mesmo, porém, aqui tem a porcentagem nas
comissões nas vendas que aumenta a remuneração”, contou.
Uma das gerentes da loja que Daiane trabalha, Miryan Iorio, afirma
que foram feitas contratações para atender as demandas da Festlingerie,
feira de moda íntima que acontece no mês de setembro.
“Quando as consultoras voltaram do home-office os pedidos
aumentaram e vimos que não conseguíamos mais atender
a demanda que chegava. Contratamos mais pessoas de
Juruaia e Guaxupé”, afirmou.
Um caso parecido é o relato da empresária Maria Helena Avelar
que possui uma loja de lingerie, linha noite e pijamas.
Ela afirma que após o período crítico da pandemia,
os pedidos voltaram com tudo. “As vendas aumentaram
automaticamente e tivemos que contratar mais colaboradores.
Então chamamos mais quatro pessoas para a produção,
mais dois para vendas e três nas facções”, contou.
Para José Antônio uma das dificuldades que os empresários de
Juruaia tem encontrado é a falta de mão de obra especializada na produção.
“A costura de lingerie é bastante minuciosa.
Mesmo uma costureira que tem experiência em outro tipo de vestuário
ela vai encontrar uma certa dificuldade para se adaptar a fabricação
de moda intima por conta da delicadeza das peças.
É um produto muito especial”, observou.
A empresária Maria Helena diz que os empregadores precisam contratar,
mas a maioria dos candidatos não tem prática.
“Na parte de vendas buscamos quem tem experiência.
Na produção é bem mais difícil porque os candidatos têm uma
noção muito básica de costura. Em épocas mais tranquilas,
contratamos e treinamos para nossa realidade.
Nesse momento precisamos contratar, porém as pessoas
não tem prática. Tudo isso torna o processo bem complicado”, relatou.
Uma forma encontrada de contornar essas dificuldades é a oferta
de cursos específicos. A própria Aciju, a prefeitura e até o Serviço
Nacional da Indústria (Sesi) tem suprido essa demanda.
“O principal déficit é em relação às costureiras.
Uma mão de obra específica. Nesse ponto, os cursos ajudam muito”,
contou José Antônio. Ainda sobre a oferta de mão de obra ele
garante que os cursos também são uma oportunidade.
“Aqueles alunos que realmente se dedicam ao curso,
participam de todas as aulas e realmente aprendem
o ofício vão sair empregados”, apostou.
Ainda, segundo ele, todas as empresas que participam do Festlingerie
estão contratando colaboradores. Segundo a analista do Sebrae Minas,
Lucilene Pessoni de Moura, é feito um trabalho de disseminação
de conhecimento para mostrar a importância de realizar uma boa
gestão nas empresas. “Compreender a gestão de negócios
e evoluir em suas habilidades pode ser a peça que aproxima
dos objetivos estabelecidos por uma empresa. Nesse sentido,
aprender sobre gestão de negócios é fundamental para prepará-lo
melhor para o que o mercado vem reservando”, disse.
E continuou. “A qualificação da mão de obra é o processo pelo
qual o trabalhador ganha uma determinada experiência e habilidade
na produção e na prática de determinada atividade.
Estabelecer metas e responsabilidades,
ter um bom planejamento é essencial para melhorar o controle
e o trabalho dos profissionais. Porém, é preciso sempre buscar
por formas e métodos e para isso a gestão do negócio
é essencial para conseguir esses resultados”.