Cientistas britânicos, integrantes do chamado Consórcio de Genômica de Covid-19 do Reino Unido (COG-UK), anunciaram nesta terça-feira (15) a descoberta de uma nova variante do coronavírus no país, que, segundo o ministro da saúde britânico, Matt Hancock, inclui alterações na proteína spike, aquela espécie de espinho que o Sars-CoV-2 usa para infectar as células humanas.
De acordo com o ministro, um grupo de especialistas do COG está investigando se o aumento de casos de covid-19 ocorrido recentemente no sudeste da Inglaterra teria relação com a mutação descoberta.
Uma vez que os vírus estão constantemente sofrendo mutações adaptativas, a grande questão é saber se a atual variante, que os cientistas britânicos batizaram de “VUI-202012/01”, mudaria a proteína S (o spike) a tal ponto que pudesse disseminar mais facilmente a covid-19 entre as pessoas.
De acordo com o COG, foram detectados 1.108 casos de covid-19 com a nova mutação até o último domingo, principalmente no sudeste do país. No entanto, não existem indícios de que a variante possa estar agravando as infecções ou que possa tornar as vacinas menos eficientes.
Duas questões, no entanto, preocupam os cientistas. A primeira delas é a constatação de que os níveis de mutação são mais altos nas localidades onde o número de casos está mais elevado. A segunda é que uma variante pode ser um sinal de alerta, significando que o vírus está mudando para se espalhar mais facilmente e causar mais infecções.
Outra questão que torna os cientistas apreensivos é o número surpreendente de mutações detectadas no coronavírus. Conforme o COG-UK, desde que evoluiu em animais e passou a infectar humanos, aquele vírus original de Wuhan, na China, sofreu pelo menos 25 mutações.
Como as três principais vacinas da covid-19, da Pfizer, da Moderna e de Oxford, têm como objetivo treinar o sistema imune para atacar o spike, novos estudos laboratoriais serão necessários para entender o que está acontecendo.